Entre 1964 e 1971 grupos de militantes comunistas das linhas
chinesa e cubana, partidários da insurreição armada, organizaram-se para se
opor pelas armas ao governo da ditadura.
No inicio de 70,
militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR, uma das organizações comunistas que seguia a linha
cubana) foram presos.
Ao serem
interrogados os dois informaram que desde o inicio daquele ano, a VPR, com a
colaboração de outras organizações comunistas, instalara uma área de
treinamento de guerrilhas, na região de Jacupiranga, próxima a Registro, no
Vale da Ribeira, no Estado de São Paulo, sob o comando do ex-capitão do
Exército, Carlos Lamarca.
No dia
19/04/70, tropas do Exército e da Polícia Militar do Estado de São Paulo foram deslocada
para a área, para verificar a autenticidade das declarações dos dois militantes
presos e neutralizar a área, prendendo, se possível os seus 18 ocupantes. No
início de maio de 70 uma parte da tropa da Polícia Militar foi retirada da
área, permanecendo, apenas, um pelotão. Como voluntário para comandá-lo,
apresentou-se um jovem de 23 anos, o Tenente Alberto Mendes Júnior.
No dia
08/05/70, 7 terroristas, chefiados por Carlos Lamarca, que estavam numa
pick-up, ao pararem num posto de gasolina em Eldorado Paulista, foram abordados
por policiais que, imediatamente, foram alvejados por tiros que partiram dos
terroristas que ocupavam a pick-up e que após o tiroteio fugiram para Sete
Barras. Ciente do ocorrido, o Tenente Mendes organizou uma patrulha, que, em
duas viaturas, dirigiu-se de Sete Barras para Eldorado Paulista. Cerca das
21:00 horas, houve o encontro com os terroristas, . Em nítida desvantagem
bélica, vários PMs foram feridos e o Tenente Mendes verificou que diversos de
seus comandados estavam necessitando urgentes socorros médicos. Um dos
terroristas, com um golpe astucioso, aproveitando-se daquele momento
psicológico, gritou-lhes para que se entregassem. Julgando-se cercado, o
oficial aceitou render-se, desde que seus homens pudessem receber o socorro
necessário. Tendo os demais componentes da patrulha permanecidos como reféns, o
Tenente levou os feridos para Sete Barras.
De
madrugada, a pé e sozinho, o Tenente Mendes buscou contato com os terroristas,
preocupado que estava com o restante de seus homens. Encontrou Lamarca que
decidiu seguir com seus companheiros e os prisioneiros para Sete Barras Ao se
aproximarem dessa localidade foram surpreendidos por um tiroteio, ocasião em
que dois terroristas Edmauro Gopfert e José Araújo Nóbrega desgarraram-se do
grupo e os cinco terroristas restantes embrenharam-se no mato, levando consigo
o Tenente Mendes.
Acercando-se
por traz do Oficial, Yoshitame Fugimore desfechou-lhe violentos golpes na
cabeça, com a coronha de um fuzil. Caído e com a base do crânio partida, o
Tenente Mendes gemia e se contorcia em dores. Diógenes Sobrosa de Souza
desferiu-lhe outros golpes na cabeça, esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequena
vala e com seus coturnos ao lado da cabeça ensangüentada, o Tenente Mendes foi
enterrado. Em 08/09/70, Ariston Lucena foi preso pelo DOI/CODI/IIEx e apontou,
no local, onde o Tenente estava enterrado. Seu corpo foi exumado, em segredo,
pelos agentes do DOI pois os companheiros do Tenente queriam linchar Ariston.
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